quarta-feira, 11 de março de 2009

Arcebispo de Recife e Olinda excomunga família e médico de menina estuprada

Por: Ilana Senos ( Brasil )

Nesta última quarta-feira, o arcebispo dom José Cardoso Sobrinho excomungou o médico e a família da menina que fez um aborto legal. A criança, de 9 anos, era abusada há seis anos, pelo seu padrasto, que confessou o crime e foi preso.

A menina foi internada na noite de terça-feira numa maternidade pública, onde começou a receber medicamentos para interromper a gravidez de gêmeos. A decisão não foi simples, mas foi tomada, pois se a gravidez continuasse o risco de vida seria grande.

- Se a gravidez continuasse, o dano seria pior, podendo levar a uma gravidez de alto risco. O risco existiria até de morte ou de uma sequela definitiva de não poder mais engravidar - explica o médico Olímpio Moraes.

O arcebispo, integrante de uma ala conservadora da Igreja, foi totalmente contra a equipe médica. Assim que soube que o aborto havia sido consumado, considerou um ato de crime contra Deus e relatou que a lei dos homens não está acima das leis de Deus. Para ele, aos olhos da Igreja Católica, o aborto foi um crime, ato inaceitável para a doutrina. Por isso todos os envolvidos no caso, com exceção da menina, estariam excomungados da Igreja.

- Para incorrer nessa penalidade eclesiástica, é preciso maioridade. A Igreja, então, é muito benévola, quer dizer, sobretudo, com as pessoas de menor. Agora o adulto, quem aprovou, quem realizou esse abordo, incorreu na excomunhão. A Igreja não costuma comunicar isso. Agora, a gente espera que essa pessoa, em momentos de reflexão, não espere a hora da morte para se arrepender - afirma.

Ao contrário do arcebispo, todos os envolvidos na decisão, pensaram na saúde da menina e determinaram seguir a lei dos homens.

- Há duas indicações legais no abortamento previsto em lei, que é o estupro e o risco de vida. Ela está incluída nos dois e, como médico, a gente não pode deixar que uma menina de 9 anos seja submetida a sofrimento e até pagar com a própria vida - rebate o médico.

Além disso, outras pessoas se envolveram com o caso e opinaram sobre o caso.

- Há organizações que não levam em consideração a vida dessa menina em um momento como esse e fazem um enorme desserviço em criar uma polêmica em torno de um caso que está garantido por lei e que há uma decisão da responsável pela menor no sentido de encaminhar dessa forma como está sendo encaminhado - afirma a educadora do SOS Corpo Carla Batista.

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